Curvaturas adquiridas do pênis inevitavelmente ocorrem após um trauma do pênis. Por isso, muitos destes casos estão associados com a doença de Peyronie, que acredita-se estar associada com dobraduras do pênis durante o coito. Já que, durante uma relação sexual vigorosa, uma lesão da túnica albugínea (camada envolvendo os corpos cavernosos do pênis), poderá causar cicatrizes que formarão uma fibrose capaz de provocar curvatura do pênis.
Mais comumente, os pacientes com Doenca de Peyronie terão uma placa singular e curvatura uniplanar na face dorsal ou lateral do pênis. No entanto, estudos apresentam deformidades menos comuns como “atípicas”, que incluem curvatura ventral, curvaturas multiplanares, recuos unilaterais, indentacoes, deformidade em ampulheta (acinturamento) e perda grave de comprimento do pênis.
O médico francês François Gigot de La Peyronie descreveu a Doença de Peyronie pela primeira vez em 1743, após observá-la no rei da França, Luís XV.XV.
Qual o melhor exame para diagnóstico de Peyronie?
A história do paciente. Além disso, o exame físico, o TEFI (Teste de Erecão Fármaco-Induzido) com ecodoppler peniano é o melhor exame para se avaliar o pênis com doença de Peyronie, que avalia:
- se apresenta sinais de inflamação;
- se a placa está calcificada
- o tamanho da placa
- o ângulo da tortuosidade
- a função erétil do pênis;
- a deformação do pênis causada pela placa;
- a estabilidade axial do pênis durante a ereção.
Muitos pacientes trazem fotos do pênis em erecão no momento da consulta. São úteis e ajudam no diagnóstico, entretanto o Teste de Erecão realizado na clínica com a avaliacão in loco pelo médico andrologista é melhor, pois existe uma variedade de difrentes casos da doenca de Peyronia. Com diagnóstico preciso da doenca de Peyronie o paciente terá a indicacão de um tratamento individualizado.
O Dr. Rossol, oferece o TEFI (Teste de Erecão Fármaco-Induzido) a todos os pacientes que consultam por Doenca de Peyronie.
Tratamentos
A indicação do melhor tratamento para Peyronie vai depender do estágio da doença em que o paciente se encontra assim como a deformidade do membro.
Fase Aguda: Diagnóstico e Tratamentos Iniciais
Aqui, ocorre inflamação com curvatura peniana progressiva, dor durante as ereções em alguns casos e o aparecimento da placa fibrosa. Essa fase dura geralmente cerca de seis meses e não recomendamos cirurgia neste momento da doença.
Indicamos principalmente tratamentos conservadores, como:
- Medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos. Já que aliviam a dor e a inflamação da placa;
- Inibidores da 5-fosfodiesterase. Pois para aumentar a vascularização peniana e melhorar a função erétil, que pode piorar devido à Peyronie;
- Ondas de choque de baixa intensidade. Pois ajudam a estabilizar a placa, diminuem a dor e podem melhorar a função erétil;
- Tração peniana e vacuoterapia. Uma vez que, por meio de extensores e bombas de vácuo, promovem mecanotransdução — o estímulo mecânico ativa processos biológicos que remodelam o tecido peniano e ajudam a reduzir a curvatura;
- Medicamentos injetáveis intralesionais. Já que são aplicados diretamente na placa e têm apresentado bons resultados nessa fase.
Fase Crônica ou Tardia: Quando a Cirurgia se Torna Prioritária
Quando a placa estabiliza, fibrose e calcificação já estão presentes. A deformidade peniana se define nesse estágio, e os tratamentos clínicos (orais e injetáveis) perdem eficácia.
Nesse momento, a cirurgia se torna o tratamento mais indicado.
Para decidir o procedimento cirúrgico, avaliamos:
- A queixa principal do paciente;
- O grau da curvatura;
- A função erétil;
- O tamanho do pênis.
Sendo assim, nosso objetivo principal é restaurar a funcionalidade peniana, corrigindo a curvatura e recuperando tamanho e calibre.
Técnicas Cirúrgicas Realizadas pelo Dr. Alessandro Rossol
Cirurgia de Pontos
Inspirada na técnica de Dr. Tom Lue, consiste em aplicar pontos inabsorvíveis no lado convexo (mais longo) do pênis, sem necessidade de enxertos ou plicaturas. Assim, por ser menos invasiva, essa cirurgia pode ser revertida algumas semanas após a realização.
Cirurgia com Incisões de Relaxamento
Também chamada Técnica de Egydio, essa cirurgia realiza pequenas incisões na placa para liberar a fibrose. Já que é baseada em princípios geométricos, essa técnica alonga o pênis até o limite dos nervos, vasos e uretra, recuperando tamanho e diâmetro. Publicada no Journal of Sexual Medicine em 2020, é a técnica mais utilizada atualmente.
Cirurgia de Plicatura
Neste método, o lado côncavo (onde está a placa) não sofre intervenção. Dissecamos cuidadosamente o feixe nervoso do lado convexo e fazemos plicaturas para corrigir a curvatura. Essa técnica tem ganhado destaque, pois apresenta resultados a longo prazo comparáveis aos métodos com enxerto. O Dr. Levine, especialista em Peyronie, recomenda essa técnica para qualquer grau de curvatura com excelentes resultados.
Cirurgia de Enxerto
Indicamos essa técnica para curvaturas penianas severas. O cirurgião faz a incisão da placa (sem removê-la) e implanta um enxerto, que pode ser tecido do próprio paciente (como albugínea da crura, mucosa oral ou fáscia lata) ou tecido exógeno (como Surgi-Cis ou pericárdio bovino).
Cirurgia com Implante de Prótese Peniana
Recomendada para pacientes com disfunção erétil moderada a severa associada à Peyronie ou com deformidades complexas, que não respondem a outros tratamentos. O implante pode ser realizado com ou sem incisões de relaxamento.
Na imagem acima estão sendo realizadas incisões de relaxamento na placa e na túnica albugínea para expandir os corpos cavernosos e possibilitar uma recuperacão to tamanho perdido pela doenca. Em seguida (foto abaixo) o aspecto do pênis após a colocacão da prótese (neste caso uma inflável).
O Dr. Rossol têm realizado esta técnica nos últimos anos. Trata-se de um procdimento mais complexo, mas os resultados têm sido muito bons, com alto índice de satisfacão dos pacientes.
Se você apresenta sinais e sintomas da doença de Peyronie, marque uma consulta conosco para entender mais sobre o assunto. O atendimento pode ser presencial em nossa clínica ou online. Na consulta serão abordadas condutas para cada caso (clínico ou cirúrgico), assim como preço dos tratamentos que poderão ajudá-lo a se livrar desse problema!
No vídeo abaixo é apresentada uma técnica de plicatura para minimizar o encurtamento peniano. Pode ser utilizada para pacientes com doença de Peyronie e tortuosidade peniana congênita.
https://youtube.com/watch?v=R-5PToZODVU%3Ffeature%3Doembed
O que é a Doença de Peyronie?
A Doença de Peyronie é caracterizada por uma fibrose ou cicatrização desorganizada na túnica albugínea do pênis, o que está associado a uma redução na elasticidade da membrana que envolve os corpos cavernosos.
Com essa redução de elasticidade, observa-se durante a ereção algumas deformidades, tais como curvatura, afinamento ou diminuição no comprimento do pênis. O paciente pode perceber uma calosidade no corpo do pênis, que caracteriza o tecido da cicatriz, e é conhecido como placa de Peyronie. A placa de Peyronie não é elástica. Durante uma ereção, o pênis não pode se expandir na zona em que a placa de Peyronie está localizado. Como resultado, a ereção torna-se curva. Alguns homens percebem facilmente a placa de Peyronie, que pode ser sentida como um pequeno “solavanco” diretamente sob a pele do pênis.
Quais são as causas? Como a doença se desenvolve?
A origem da Doença de Peyronie ainda não está completamente clara, mas estudos atuais mostram que alguns traumas podem desencadear o problema. Alterações do colágeno, predisposições genéticas, fatores autoimunes, produção de radicais livres e alterações citogenéticas devem ser consideradas.
Na foto acima observa-se a mão de um paciente com contratura de Dupuytren, uma patologia relacionada com alteração do colágeno que está associada com doença de Peyronie.
Muitos homens, entretanto, possuem o problema, mas não conseguimos detectar a causa exata para a ocorrência.
Como as placas causam a curvatura do pênis?
As placas formam-se na túnica albugínea, o tecido flexível que envolve outros tecidos que se enchem de sangue durante uma ereção. As placas são um tecido cicatricial endurecido que fazem com que a túnica albugínea perder a sua qualidade elástica. Isso faz o pênis dobrar quando ereto. Usualmente o encurvamento ocorre para o lado com predominância de área fibrosada. As placas podem ser diagnosticas pelo exame físico realizado pelo urologista, pelo exame de ultrassom ou com a ressonância nuclear magnética. O Dr. Rossol realiza o exame de ultrassom peniano com doppler na sua Clínica de Urologia e Andrologia, em Porto Alegre. Leia mais sobre este exame em https://alessandrorossol.com.br/blog/ultrassom-peniano-com-doppler-um-exame-nao-invasivo-para-avaliar-a-doenca-de-peyronie/
Se trata de uma doença rara?
Nem tanto. Estudos populacionais de prevalência mostram que a doença de Peyronie ocorre entre 4 a 8% dos homens.
Quais são as fases da doença de Peyronie?
Duas fases da doença são bem distintas. A primeira é a fase inflamatória aguda, que pode estar associada a dor. A segunda é a fase fibrótica, identificada pela formação de placas endurecidas palpáveis, que podem estar calcificadas, o que resulta em estabilização da doença. Com o passar do tempo, a curvatura peniana piora em 30 a 50% dos pacientes, ou estabiliza em 47 a 67% deles. Melhora espontânea ocorre em somente 3 a 13% dos pacientes e mais provável em fases mais precoces da doença. A dor tende a ser resolvida com o tempo em ate 90% dos homens, geralmente durante os primeiros 12 meses.
Onde as placas estão localizadas?
Normalmente, as placas são encontradas na parte superior do pênis, mas eles podem ser encontrados na parte inferior, também. Às vezes elas parecem pequenos dentes; outras vezes, elas preenchem a circunferência de todo o pênis, dando-lhe um aspecto de “ampulheta”.
Traumatismos do pênis podem ser a causa do pênis torto?
Sim. Algumas explicações parecem indicar uma causa traumática. Homens com idade mais avançada, o pênis não tem mais aquela rigidez de quando mais jovem, e a penetração com o pênis não 100% rígido poderia favorecer pequenas “dobras” internas, microtraumatismos, que favoreceriam pequenos hematomas por dentro.
A cicatrização, mesmo que microscópica destes micro-hematomas pode resultar nestes homens em áreas endurecidas que não possuem a mesma elasticidade que outrora, resultando numa tortuosidade quando o pênis fica ereto e numa “placa” endurecida quando flácido.
Certamente esta hipótese funciona associada a outros fatores predisponentes, como algumas doenças reumatológicas, auto-imunes, genéticas, de cicatrização anormal e uso de alguns remédios.
A avaliação do problema pelo Andrologista
Estes nódulos abaixo da pele, cujo nome correto é placa fibrosa, podem ser associados ou não à dor, principalmente na fase inicial da doença que pode levar até 1 ano e meio até 2 anos para estabilizar. E é por esta razão que o andrologista pode optar por observar inicialmente. Uma anamnese irá expor como a patologia está interferindo na vida do paciente e o exame físico servirá para caracterizar forma, localização e tamanho da placa.
Os pacientes devem procurar um andrologista para avaliação, já que muitos homens têm receio da placa endurecida ser um tumor, por exemplo. A resolução espontânea, sem nenhum tratamento pode ocorrer em menos de 15% dos casos. Ultrassom, raio-X e Ressonância Nuclear Magnética são exames úteis para avaliar a placa. Para avaliação da tortuosidade, acinturamento (efeito ampulheta), indentações e função erétil, o Ecodoppler Peniano com Teste Fármaco-Induzido é o exame de escolha – https://alessandrorossol.com.br/blog/ultrassom-peniano-com-doppler-um-exame-nao-invasivo-para-avaliar-a-doenca-de-peyronie/.
A doença é contagiosa?
Não. A Doença de Peyronie não é contagiosa.
Quais são as complicações possíveis da Doença de Peyronie?
A Doença de Peyronie pode ser frustrante para um casal, causando estresse emocional entre homem e sua companheira, causando relação com dor tanto para o homem quanto para a mulher, e, ás vezes, até impossibilitar a penetração dependendo do ângulo que se forma. Quanto atinge um formato de gancho até dificuldade para urinar pode surgir. Além de diminuir o tamanho do pênis em alguns centímetros. Em 40% dos casos a doença pode causar disfunção erétil.
Existe correlação da doença de Peyronie com problemas psicológicos?
Sim. A doença de Peyronie também pode estar associada com depressão, diminuição da auto-estima e dificuldades de relacionamento. Alguns estudos mostram que 60 a 70% dos pacientes com Peyronie apresentam transtornos do humor causados pela doença.
Como a doença de Peyronie pode afetar a parceira sexual de um homem?
A doença de Peyronie pode, de fato, ter um impacto na parceira do indivíduo. Em 2016, o Journal of Sexual Medicine publicou um estudo de pesquisadores canadenses que estudaram os efeitos de Peyronie nas parceiros femininas. 44 homens com doença de Peyronie e suas parceiras completaram uma série de questionários sobre sua função sexual e satisfação, experiências emocionais e satisfação geral de relacionamento. Os pesquisadores descobriram que as mulheres geralmente tinham níveis mais baixos de satisfação sexual e tendiam a ter mais problemas sexuais quando comparados com as mulheres na população em geral.
No entanto, os casais tiveram escores normais nas avaliações de satisfação de relacionamento, talvez porque sua relação era forte, apesar das implicações sexuais da doença de Peyronie.
Os casais que enfrentam a doença de Peyronie são encorajados a manter as linhas de comunicação abertas, especialmente em assuntos sexuais. Eles podem precisar fazer alguns ajustes para sua rotina, como modificação de posições sexuais, aumento do tempo de excitação (preliminares) e eventual uso de medicamentos orais para melhorar a ereção. Alguns casais nesta situação se beneficiam da terapia sexual, que pode ajudá-los a se expressar e trabalhar suas preocupações sexuais, necessidades e problemas de relacionamento.
Como tratar os pacientes com doença de Peyronie e disfunção erétil (impotência sexual)?
Pacientes com doença de Peyronie e com disfunção erétil leve a moderada podem se beneficiar com uso de psicoterapia,medicamentos orais (sildenafil, tadalafil, vardenafil, iodenafil).
Pacientes com doença de Peyronie e com disfunção erétil severa (que não apresentam resposta com tratamento por via oral ou farmacoterapia intra-cavernosa) são candidatos a implante de prótese peniana.
O tratamento com ondas de choque é uma boa opção?
Terapia com onda de choque de baixa intensidade tem sido utilizada há alguns anos. Trata-se de um método não-invasivo e indolor onde um aparelho é encostado na região da placa do pênis juntamente com um gel. São transmitidos aproximadamente 3000 disparos em cada sessão de terapia. Usualmente o paciente é submetido a uma sessão por semana durante seis semanas. Cada sessão dura 10 a 20 minutos.
Estudos têm demonstrado que este tratamento ajuda no alívio da dor do pênis em pacientes com placa de doença de Peyronie. A última diretriz da Sociedade Americana de Urologia, de 2015, recomenda ondas de choque para melhora da dor causada pela placa de Peyronie.
Para diminuir tortuosidade e tamanho da placa, os estudos ainda não demonstraram melhora com benefício estatisticamente comprovado com a onda de choque sozinha.
Entretanto quatro estudos citados pela AUA sugerem melhora na tortuosidade em 47 de 62 pacientes que foram submetidos a terapia combinada: ondas de choque + injeção de verapamil na placa.
A doença pode ser prevenida?
Não se conhece um tipo de prevenção. Pequenos traumas durante o ato sexual podem iniciar o processo, mas certamente não explicam todos os casos.
A incidência da doença de Peyronie está aumentada em pacientes com câncer de próstata submetidos a prostatectomia radical.
Em recente estudo publicado no Journal of Sexual Medicine – Dr. Raanan Tal e colaboradores mostraram que a incidência da doença de peyronie na população masculina, em geral, é de 3,2 a 9,9%. No grupo avaliado de 1011 pacientes submetidos a prostatectomia radical, por um período de 3 anos, a incidência de placas penianas foi de 15,9%. Em uma análise multivariada, homens brancos e jovens apresentaram risco maior para aparecimento de doença de Peyronie.
Tratamentos
Veja quais são os tratamentos e suas indicações.
Clínico
Nas fases iniciais da doença, isto é, nos primeiros 6 meses, ainda pode haver dor durante a ereção. Nesta fase podem ser indicados medicamentos cujo objetivo é reduzir o processo inflamatório e aliviar a dor, porém não existe nenhum tratamento curativo, até o momento, para esta doença. Depois de estabilizada a doença, geralmente após 12 a 18 meses, se houver uma curvatura ou deformação peniana, que atrapalhe a atividade sexual, então pode ser necessário um procedimento cirúrgico para retificar o pênis. Embora a evolução natural da doença seja variável, há relato de até 13% de resolução completa espontânea (sem nenhum tratamento)em placas após algum tempo de evolução.
É importante salientar que os tratamentos clínicos (medicamentos orais e injetáveis) apresentam maior índice de sucesso quando realizados nos primeiros meses do aparecimento da doença de Peyronie.
Verapamil Injetável
É um medicamento bloqueador dos canais de cálcio que atua no tecido fibroso, aumentando a atividade das colagenases, modulando as citocinas e inibindo a formação de fibroblastos na placa de Peyronie. Em 1994 foi publicado o primeiro estudo que mostrava eficácia na injeção de verapamil, com diminuição da tortuosidade e melhora na função erétil.
Outro estudo publicado em 1998 comparando verapamil contra placebo mostrou que os pacientes que receberam verapamil tiveram redução da placa em 60%; já os pacientes que receberam placebo tiveram redução de 30%. A função erétil melhorou 40% no grupo que recebeu verapamil e 0% no grupo placebo. Outro estudo recente mostrou melhora de 100% na dor da placa após injeção de verapamil. Os efeitos adversos mais comuns na aplicação do verapamil são dor (10-15%) e equimose (15-25%).
Na sequência de fotos abaixo, as imagens ecográficas mostram a evolução de uma placa de Peyronie em um paciente que realizou aplicações de verapamil:
Início do tratamento…
…terceira semana após o início das aplicações…
…final do tratamento (sexta semana).
Um estudo de revisão sobre tratamentos clínicos para doença de Peyronie resume da seguinte forma este tratamento:
“Terapia Intralesional permanece atualmente como a abordagem mais agressiva e invasiva, mas pode fornecer os melhores resultados possíveis até que novas terapias emergirem. Apesar da ausência de grande escala, ensaios controlados com placebo, há vários estudos publicados conduzidos por pesquisadores clínicos respeitados que têm demonstrado benefício na sequência de um curso de injeção de Verapamil.Esses estudos sugerem que a aplicação de 6 a 12 injeções intralesionais pode estabilizar a doença, o que representa uma vitória, considerando que, sem tratamento, a taxa de progressão chega a 50%. Até 60% dos homens tratados têm uma redução medida de curvatura com uma melhoria média de 20 a 30 °. Pode ser que o processo de resultados só muda de injecção, a placa que leva a um melhor cumprimento da placa.”
Lawrence Levine A., MD- Journal of Urology, April 2009 Volume 6, Issue 4, Pages 903–90 – Controversies in Sexual Medicine: Is There a Place for Conservative Treatment in Peyronie’s Disease?
TERAPIA DE TRAÇÃO
A mais nova área de interesse para o tratamento não cirúrgico é a terapia de tração. Isto resulta do conceito de que as forças de tração crônicas pode resultar em um processo de remodelação que pode “endireitar” o pênis. As pesquisas sobre terapia de tração têm se concentrado principalmente na área de ortodontia, para o uso de aparelhos dentários, e no alongamento de ossos em casos de osteogênese imperfeita.
Recentemente, esse princípio foi aplicado no tratamento da Doença de Peyronie. Em um estudo, os pesquisadores utilizaram tração por 2 a 8 horas diárias durante 6 meses como único método terapêutico. Houve uma redução de medição de curvatura de 10 a 40 ° em todos os doentes, bem como o ganho de comprimento de 0,5-2,5 cm. Este estudo piloto, usando o FastSize Extender, (FastSize Medical LLC, Aliso Viejo, CA, EUA), é o único estudo publicado demonstrando melhora da deformidade, bem como comprimento e perímetro em homens com Doença de Peyronie.
Outro estudo inédito de Moncada et al. mostrou que a terapia de tração utilizada após cirurgia de reconstrução peniana com plicatura ou enxertia aumenta o sucesso do procedimento, a longo prazo.
A terapia de combinação pode trazer o melhor resultado como tratamento não cirúrgico. Um estudo examinou a terapia intra-lesional com verapamil sozinho contra a terapia oral com pentoxifilina e L-arginina, injecção verapamil, e terapia de tração peniana diária. Os resultados preliminares indicam um benefício terapêutico utilizando a terapia de combinação em relação à redução da deformidade, aumento do comprimento, melhora na função sexual geral, e uma menor taxa de necessidade cirúrgica subsequente.
Na atualização dos Guidelines da Associação Americana de Urologia de 2015, 4 estudos analisaram o tratamento combinado de verapamil intralesional + ondas de choque (extracorporeal shock wave therapy). Todos estudos mostraram redução na curvatura (melhora variando entre 47-62%). Houve diminuição da dor em praticamente todos os pacientes.. Mesmo assim, os experts sugerem mais estudos randomizados para avaliar melhor a eficácia deste tratamento não cirúrgico.
Por fim, na seqüência de fotos abaixo, ilustramos o caso de um paciente de 61 anos, com aparecimento de duas placas de Peyronie, dor moderada e tortuosidade de aproximadamente 50 graus. Vale destacar que, o tempo entre o início dos sintomas e tratamento foi de 3 meses. Sendo assim, neste caso foi realizado um tratamento combinado de injeção intralesional de Verapamil + aplicação de Ondas de Choque. Foram seis aplicações de cada, num período de seis semanas.
Início do tratamento …
…. 3 semanas de tratamento …
… final do tratamento em 6 semanas.
Resumidamente, em seguida, para responder à pergunta: “Existe um lugar para a terapia não-cirúrgico conservador para a doença de Peyronie?”, É minha firme convicção de que a resposta é “sim”, desde que o paciente entende que o objetivo é prevenir a progressão e possivelmente ver a melhoria da deformidade e função sexual.
No vídeo acima, o Dr. Rossol demonstra uma técnica cirúrgica utilizada para corrigir um caso complexo de Doença de Peyronie. Para minimizar o encurtamento peniano, ele realizou incisões de relaxamento no lado côncavo e implantou um enxerto de tecido saudável no lado convexo.
Indicação Cirúrgica
O paciente se torna candidato à cirurgia corretiva quando apresenta uma ou mais das seguintes condições:
- Curvaturas penianas muito severas;
- Evolução da doença há mais de 12 meses;
- Estabilização da curvatura por pelo menos três meses;
- Falha dos tratamentos clínicos com medicamentos;
- Dificuldade ou dor durante o ato sexual.
Os cirurgiões podem optar por três abordagens: encurtar o lado convexo, alongar o lado côncavo, ou implantar uma prótese peniana.
Procedimentos de Encurtamento do Lado Convexo
A equipe médica geralmente recomenda o encurtamento do lado convexo para pacientes com:
- Pênis de comprimento adequado;
- Boa função erétil;
- Curvatura leve e localizada distalmente;
- Ausência de deformidades em “ampulheta”.
As técnicas incluem:
- Nesbit: remoção de segmentos naviculares da túnica albugínea, seguida de sutura;
- Yachia: incisão longitudinal na túnica, seguida de sutura transversal;
- Plicaturas simples da túnica, sem incisão.
Procedimentos de Alongamento do Lado Côncavo com Enxerto
Quando a curvatura é grave, proximal ou vem acompanhada de encurtamento peniano ou deformidades em “ampulheta”, os cirurgiões preferem alongar o lado côncavo. A técnica envolve incisões ou ressecções na placa e posterior aplicação de enxerto.
Apesar dos avanços cirúrgicos, a medicina ainda não definiu qual é o material ideal para enxertia da túnica albugínea. Diversos enxertos já foram utilizados, incluindo:
- Fáscia temporal
- Dura-máter
- Veia safena
- Pericárdio bovino
- Derme
- Fáscia lata
- Pericárdio humano (de cadáver)
- Túnica albugínea do próprio paciente
- Materiais sintéticos como Dacron e Goretex
O Dr. Rossol realiza esse tipo de cirurgia utilizando enxerto da túnica albugínea retirada da região crural do próprio paciente. Para isso, a equipe cirúrgica faz uma incisão entre o escroto e o ânus, disseca cuidadosamente até expor a túnica albugínea da base peniana e mede o segmento necessário para o enxerto. Após extrair o tecido, eles suturam a área doadora e aplicam o enxerto na placa peniana — que permanece no local, porém incisada para aliviar a tensão.
Implante de Prótese Peniana:
Pacientes que apresentam disfunção erétil acentuada e doença de Peyronie são candidatos ao tratamento com colocação de prótese peniana. O implante de duas hastes nos corpos cavernosos proporciona rigidez suficiente para corrigir e desfazer a tortuosidade ao mesmo tempo que dão sustentabilidade erétil para a realização do coito, nestes pacientes normalmente não é realizada incisão ou retirada da placa do Peyronie. Leia mais sobre prótese peniana em : https://alessandrorossol.com.br/blog/category/protese-peniana/
Encurtamento do Lado Convexo
TRATAMENTO CIRÚRGICO PELA TÉCNICA DE NESBITT (SEM ENXERTO)
TRATAMENTO CIRÚRGICO COM EXCISÃO DA ALBUGÍNEA + PLICATURA
Alongamento do Lado Côncavo
TRATAMENTO CIRÚRGICO COM ENXERTO DE CRURA (albugínea do próprio pênis)
A técnica de enxerto com túnica albugínea da crura utiliza o próprio tecido do pênis para alongar o lado côncavo do pênis torto, pois esse enxerto é de fácil obtenção, elimina o risco de rejeição ou transmissão de doenças infecciosas, não gera custos adicionais e proporciona resultados satisfatórios a longo prazo. Por isso, apesar da falta de estudos com um grupo controle, o enxerto de crura parece estar associada com menos curvatura, menor recidiva e não parece aumentar o risco de disfunção eréctil, quando comparada com outros materiais de enxerto.
Esquema ilustrando a enxertia de tecido na área da placa onde ocorre a retração do pênis.
Autoenxerto de túnica albugínea do lado convexo para o lado côncavo.
No caso apresentado abaixo, um paciente de 56 anos apresentava doença de peyronie há 18 meses. Recebeu tratamento clínico com vitamina E e colchicina, mas não apresentou melhora.
A curvatura era lateral, mas também com rotação lateral. Uma vez que a equipe médica decidiu a técnica durante o intraoperatório, após garrotear o pênis e visualizar o defeito no local. Os cirurgiões extraíram a túnica albugínea do lado convexo e a enxertaram no lado côncavo. Além disso, enxertaram o tecido com uma inclinação de 45 graus para corrigir tanto a lateralização do pênis quanto a rotação causada pela placa fibrosa.
Curvaturas adquiridas do pênis que não são doença de Peyronie – Curvaturas após fratura de pênis
Quando um jovem se apresenta com uma curvatura adquirida do pênis, deve-se sempre considerar a doença de Peyronie. No entanto, muitos não têm a doença de Peyronie verdadeira. Estes pacientes revelam uma história de curvatura lateral mínima do pênis e geralmente apresentam história de fratura de pênis.
Em alguns casos, o paciente lembra de ter ouvido um “click” durante o coito, observando detumescência imediata, inchaço e hematoma do pénis. Estes pacientes, muitas vezes, referem ter diagnóstico de doença de Peyronie, mas o diagnóstico de curvatura secundária a fratura de pênis é mais preciso.
Na ocasião da fratura o paciente, ou seu médico, ignoram os cuidados e a avaliação do trauma não é feita adequadamente.
Fratura de pênis é uma urgência urológica. Os médicos urologistas devem avaliar os pacientes com suspeita de fratura de pênis para verificar se ocorreu fratura ou rompimento da túnica albugínea. Se houve rompimento, o paciente deve ser submetido a intervenção cirúrgica para reparo e sutura do tecido rompido a fim de evitar cicatrização com fibrose grosseira e desalinhada. Esta fibrose poderá retrair e causar tortuosidade peniana em momentos posteriores.
Curvaturas Congênitas do Pênis
A abordagem cirúrgica mais comum para pacientes com curvatura ventral congênita também se aplica a pacientes com doença de Peyronie. A maioria dos pacientes já passou por circuncisão (postectomia). Por isso, esse procedimento melhora o estabelecimento das drenagens linfática e venosa da pele do pênis no período pós-operatório.
Nesta segunda-feira (15/5/2017), durante o Congresso de Urologia da Associação Americana de Urologia, em Boston, o Dr. Wayne Hellstrom apresentou dados atualizados de estudos para as melhoras condutas médicas na Doença de Peyronie. São elas:
Cirurgia continua sendo o tratamento “ouro” para correção da tortuosidade peniana.
- As taxas de sucesso na melhora ou resolução da curvatura peniana variam entre 92 e 99%.
- A cirurgia de plicatura peniana é um procedimento seguro, relativamente simples quando realizado por cirurgiões experientes e com baixos índices de morbidade.
- Efeitos adversos sérios são raros na cirurgia de plicatura.
- Comparada com o uso do CCH (Xiaflex), a cirurgia tem custo menor.
- A cirurgia de plicatura tem tido uma frequência aumentada, comparada com a técnica de enxerto.
Galeria de Fotos
Fonte Bibliográfica:
- Diretrizes da AUA – Asssociacão Americana de Urologia
Fotos e Desenhos:
- Arquivo profissional do Dr. Rossol