A disfunção erétil (DE) é a principal causa de disfunção sexual em homens, com 1 em cada 5 homens afetados. A DE é definida como a incapacidade de alcançar ou manter uma ereção peniana satisfatória para a relação sexual. As causas da DE são multifacetadas, e incluem etiologias psicogênica, neurogênica, endócrina, vasculogênica, induzida por drogas, dentre outras. A DE vasculogênica é o tipo mais comum de DE, e há uma alta prevalência de DE em homens com doença cardiovascular – cerca de 40% dos homens com doença cardíaca têm disfunção erétil severa.
A terapia de primeira linha para a DE inclui os medicamentos inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (PDE5i – Sildenafil, Vardenafil, Tadalafil, Iodenafil), que desde sua introdução em 1998 revolucionaram a terapia da DE. Para homens que não respondem a esses medicamentos orais, dispositivos de ereção a vácuo, supositórios uretrais, injeções intracavernosas e próteses penianas podem fornecer resultados satisfatórios. No entanto, essas opções de tratamento podem ser invasivas, podem estar associadas a eventos adversos, ou podem reduzir a espontaneidade sexual.
Em 2010, a terapia de ondas de choque extracorpórea de baixa intensidade (Li-ESWT) foi usada pela primeira vez como uma nova abordagem de tratamento minimamente invasiva para DE. A terapia por ondas de choque tem sido usada terapeuticamente em outros campos da medicina, incluindo o tratamento de isquemia cardíaca, úlceras do pé diabético e cicatrização de feridas. Embora seu mecanismo de ação ainda não esteja claro, estudos in vitro sobre tecido cardíaco demonstraram que a terapia por ondas de choque induz neovascularização, bem como aumento na expressão do fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) e seu receptor. Como a DE frequentemente está associada a condições vasculares, Vardi e cols. propuseram que a Li-ESWT pode aumentar o fluxo sanguíneo para o pênis, reverter os efeitos da DE e rever a sua patogênese. Os resultados iniciais do estudo de Vardi e cols. foram promissores: 20 homens (idade média 56,1 anos) que receberam dois tratamentos de 3 semanas de Li-ESWT mostraram melhora na ereção em 1 mês, que foram mantidos em 6 meses de seguimento (Índice Internacional de Função Erétil [IIEF] – escore no domínio da função nervosa [EF] de 20,9 ± 5,8 vs 13,5 ± 4,1 no início, P <0,001).
Desde o estudo de Vardi e cols, vários outros estudos e ensaios clínicos endossaram o potencial terapêutico do Li-ESWT para o tratamento da DE. Fabricantes de aparelhos de ondas de choque e clínicas de urologia em vários países estão anunciando esta terapia para o público em geral como um tratamento para disfunção erétil. A Associação Européia de Urologia listou Li-ESWT como um tratamento para a disfunção erétil em suas Diretrizes.