Na última semana tivemos a reunião científica quinzenal do Grupo de Urologia do Hospital Mãe de Deus.
O assunto foi DOENÇA DE PEYRONIE.
Quando o paciente passa da fase aguda (inicial) da doença e não apresentou melhora com tratamentos clínicos (anti-inflamatórios, compostos vitamínicos, toxina do clostridium, ondas de choque, bomba de vácuo, verapamil, extensor peniano), a cirurgia é uma opção viável com altos índices de sucesso para correção da deformidade e retomada da vida sexual prazerosa.
Vou apresentar aqui um pequeno resumo da reunião, com as opções de cirurgias possíveis para a DP.
Curvatura menor de 30 graus: normalmente as pequenas curvaturas não tem necessidade de correção, mas eventualmente o penis apresenta indentações e estrangulamentos que causam desconforto na hora do coito. Nestes casos, cirurgias pouco invasivas, sem muita dissecção, podem corrigir o problema, com baixo risco.
Curvaturas entre 30-60 graus: plicatura com ou sem incisões de relaxamento devolvem a retilinidade do pênis. Auto-enxerto é uma técnica que devolve a retilinidade e encurta pouco o membro.
Curvaturas maiores de 60 graus: uso de enxerto (albugínea do próprio paciente ou tecidos sintéticos) é a melhor opção. Nos últimos anos surgiram novos tecidos que estão disponíveis para uso, com menores taxas de retração.
Efeito Ampulheta: pênis com estrangulamentos ou acinturamentos são casos mais complexos porque, mesmo sem tortuosidade, podem causar perda de força na penetração. Enxertos e prótese peniana são boas opções para estes pacientes.
Doença de Peyronie com Disfunção Erétil associada: a prótese peniana é a única opção. Podem ser implantadas a maleável ou a inflável. O uso de enxerto associado à prótese permite devolver comprimento e espessura ao pênis (que pode ter diminuído com a doença).
Deformidade Complexa: é a mesma situação da disfunção erétil associada. Prótese com ou sem enxerto é a melhor opção.
Encurtamento peniano significativo: prótese é a única possibilidade de tratamento para devolver tamanho. Incisões de relaxamento e/ou enxerto auxiliam no resultado.
Pênis Embutido na região Púbica: pacientes obesos ou com sobrepeso que tiveram encurtamento peniano e que apresentam embutimento do membro na gordura pubiana podem se beneficiar de uma cirurgia plástica que pode ser realizada no mesmo ato da correção do Peyronie. Trata-se de uma dermolipectomia com lipoaspiração. Irei apresentar esta cirurgia no meu site e nas redes sociais nos próximos dias.
Local da Incisão: a tradicional incisão subcoronal (igual à da circuncisão) tem dado lugar à incisão peno-escrotal. A incisão entre o pênis e o escroto para a cirurgia de Peyronie apresenta melhor efeito cosmético, menor linfedema (inchaço), menor taxa de quelóide e menor tempo cirúrgico. A técnica subcoronal ainda pode ser realizada naqueles pacientes que desejarem retirar o excesso de prepúcio.
Teste de Ereção: é um exame fundamental para ser realizado antes da cirurgia do paciente com doença de Peyronie. Pode ser realizado com ou sem ecodoppler e permite ao cirurgião avaliar corretamente a tortuosidade e o defeito. Desta forma a cirurgia pode ser melhor planejada pelo urologista e o resultado ser discutido com o paciente de acordo com as técnicas possíveis para aquele caso.