A biópsia prostática usualmente é realizada pela via transretal. Pode eventualmente também ser realizada por via percutânea transperineal. É guiada por ultra-sonografia, servindo para obtenção de fragmentos da próstata. Permite avaliação do volume tumoral pelo número de fragmentos comprometidos, pela sua localização e pelo grau de diferenciação celular (Gleason). É o primeiro exame a ser solicitado após o toque retal ou o PSA apresentarem-se alterados.
O Tratado de Urologia Campbell`s relata que a anestesia é desnecessária para realização da biópsia prostática, entretanto 96% dos pacientes que foram submetidos à biópsia sem anestesia dizem que o procedimento dói. 20-33% deles se recusariam a repetir o exame sem anestesia.
Três formas de anestesia são utilizadas para o procedimento:
– aplicação intra-retal de gel com lidocaína
– injeção de lidocaína líquida no espaço periprostático
– sedação anestésica do paciente por médico anestesista
Optamos, na maioria das vezes, pela sedaçao anestésica já que nos preocupamos com a segurança e o conforto do paciente.
Em um estudo, um grupo de pacientes médicos urologistas fora questionado sobre qual a forma de anestesia escolhida caso fossem encaminhados para a realização de biópsia prostática. Surpreendentemente 90% deles escolheram a sedação anestésica como método de anestesia.
A primeira descrição de biópsia de próstata com agulha de Vim Silvermann digitalmente dirigida ao nódulo prostático foi realizada em 1937. Com o advento do ultrassom e seu emprego transretal em 1981, os nódulos não palpáveis passaram a ser visualizados e biopsiados com agulhas apropriadas. Entretanto, o estudo propondo a biópsia com seis punções na linha para-sagital, sistemática e aleatória, revolucionou a técnica de biópsia para o diagnóstico do câncer de próstata (CaP). Esta técnica ficou conhecida como biópsia sextante.
Com o surgimento e o amplo emprego do antígeno prostático específico (PSA), os urologistas necessitavam repetir biópsias com freqüência em pacientes nos quais persistiam os níveis elevados de PSA após a primeira biópsia negativa. Outros autores relataram um ganho no diagnóstico de câncer entre 20% e 35%, quando um maior número de punções era empregado.
Estudo subseqüente demonstrou as vantagens das técnicas de biópsia de próstata com um maior número de fragmentos, geralmente entre 10 e 13 amostras, envolvendo sempre as faces látero-laterais.
INDICAÇÕES PARA BIÓPSIA DA PRÓSTATA:
– presença de nódulos prostáticos detectados no toque retal;
– níveis elevados de PSA (geralmente acima de 4,0 ng/mL, ou correlacionado com a idade);
– pacientes mais jovens (com idade abaixo dos 55 anos) e que tenham PSA acima de 2,5 ng/mL;
– densidade > 0,15;
– velocidade anual de aumento > 0,75 ng/ml.
TÉCNICA DE BIÓPSIA DA PRÓSTATA
– Antibioticoprofilaxia: o antibacteriano habitualmente usado é a levofloxacina ou a ciprofloxacina oral na dosagem de 500 mg, uma hora antes do procedimento. Nos pacientes diabéticos,
imunodeprimidos, em uso recente de corticóide, disfunção urinária grave, próstatas > 75 gramas, administra-se mais duas doses subseqüentes a cada 24 horas. Nos casos de portadores de
valvulopatias cardíacas, é necessário utilizarmos esquemas específicos e rigorosos de profilaxia;
– O preparo intestinal, que foi utilizado sistematicamente no passado, não é indispensável na atualidade; sugerimos que nossos pacientes apliquem 2 sachets de MINILAX, via retal, 4 horas antes da biópsia;
– A posição do paciente: decúbito lateral esquerdo com as coxas fletidas;
– O toque retal: um novo exame digital da próstata deve preceder o exame de ultrassom;
– As punções: um aparelho de ultrassom com transdutor “end fire” com agulha é utilizado para se obter, pelo menos, um total de 10 fragmentos representativos de toda a glândula, incluindo sistematicamente as faces látero-laterais.
COMPLICAÇÕES POSSÍVEIS
IMEDIATAS
• Sangramento retal: 2,1%;
• Hematúria: 62%;
• Episódios vaso-vagais: 2,8%.
TARDIAS
• Febre: 2,9%;
• Hematospermia: 9,8%;
• Disúria persistente: 7,2%;
• Infecção: 2,5%;
• Prostatite aguda: 1,8%;
• Uro-sepsis: 0,1%.
RECOMENDAÇÕES E CONSENTIMENTO INFORMADO PARA PACIENTES QUE FARÃO BIÓPSIA DE PRÓSTATA
IMPORTANTE – Se o paciente estiver tomando AAS ou aspirina, deverá suspender este medicamento uma semana antes do exame.
A) Um dia antes do exame:
Iniciar o uso do antibiótico LEVOXIN 500MG, por via oral, um comprimido à noite.
B) No dia do exame:
1) Trazer exames anteriores de próstata e de Laboratório. Se não tiver, deverá fazer hemograma com contagem de plaquetas mais provas de coagulação sanguínea (TP e KTTP).
2) 4 horas antes da biópsia, aplicar 2 bisnagas de MINILAX ®, por via retal.
3) 8 horas de jejum anteriores ao horário do exame
4) 1 comprimido de LEVOXIN, 500mg, por via oral, na manhã do dia do exame, com uma pequeno gole de água.
C) Após o exame:
1) Tomar um comprimido de LEVOXIN , 500mg, na noite do dia em que foi realizado o exame.
2) Continuar tomando um comprimido de LEVOXIN , 500mg, uma vez ao dia por mais 4 dias.
3) Além do antibiótico, tomar dois comprimidos de 500mg de Paracetamol, de 6/6h, durante dois dias. Se o paracetamol não for suficiente, tomar um comprimido de Movatec®, 15mg, uma vez ao dia, somente se a dor persistir.
OBS: Leia este documento antes do exame. Se não entender, favor nos contactar paras todas as informações necessárias.
O paciente deverá vir com acompanhante e não poderá conduzir veículo após o exame.
Os riscos decorrentes do procedimento são:
Dor, desconforto, sangramento, febre, infecção, abscesso, septicemia, choque anafilático, queda de pressão, desmaio, ardência e retenção urinária.
CIÊNCIA DE RISCOS
O paciente e seu(s) familiar(es) declaram estar ciente dos riscos do procedimento e asseveram assumi-lo, autorizando o procedimento, neste ato .
RECOMENDAÇÕES MÉDICAS
O paciente e seu(s) familia(es) se comprometem a obedecer às recomendações médicas a seguir:
– Não interromper a medicação indicada.
– Repouso nas 48 horas seguintes ao exame.
– Controle de sinais vitais, sendo que, quaisquer alterações no estado geral do paciente devem ser comunicadas ao médico responsável.
– Em caso de hemorragia ou qualquer alteração que afete o estado físico, dirigir-se ao Pronto-Socorro mais próximo, avisando sempre ao médico responsável.
CONCLUSÃO
O paciente e respectivo (s) familiar (es) declara (m) -se de pleno acordo com o que consta neste documento e ciente (s) de que a obrigação do médico é de utilizar-se de todos os meios conhecidos pela medicina, disponíveis no local onde se realiza o procedimento, na busca da saúde do paciente. Ficam cientes de que eventuais resultados adversos e imprevisíveis podem ocorrer mesmo diante dos melhores cuidados técnicos aplicados. O procedimento não é isento de complicações. O paciente tem o direito e deve se manifestar caso não queira se submeter ao exame.
Declaro ter recebido este documento em 02 vias uma ficou comigo e a outra foi entregue ao Consultório Médico.
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