O priapismo é uma ereção peniana prolongada e dolorosa que ocorre sem estímulo sexual e não desaparece após o orgasmo. É considerada uma emergência médica quando dura mais de 4 horas.
O tratamento agudo do priapismo geralmente inclui aspiração do sangue do corpo cavernoso, injeção de medicamentos vasoconstritores, e em casos graves, intervenção cirúrgica
Muitos pacientes que tiveram priapismo procuraram assistência médica tardiamente, bastante tempo depois das 6h iniciais quando ele ainda pode ser revertido sem isquemia prolongada.
Uma preocupação após episódios de priapismo é o desenvolvimento de disfunção erétil subsequente devido ao dano tecidual causado pela isquemia prolongada
A questão é se a terapia de ondas de choque pode ser usada como tratamento de reabilitação para pacientes que tiveram priapismo e possivelmente desenvolveram disfunção erétil como consequência.
A terapia por ondas de choque de baixa intensidade (Li-ESWT) tem sido explorada principalmente no tratamento da disfunção erétil (DE), com alguns estudos sugerindo que pode melhorar a função erétil através de mecanismos como a neovascularização e regeneração tecidual. No entanto, o uso de Li-ESWT para o tratamento de priapismo não é bem documentado na literatura médica atual.
Embora Li-ESWT tenha mostrado potencial em melhorar a hemodinâmica peniana em modelos animais de lesão neurovascular pélvica, não há evidências robustas que sustentem seu uso no tratamento do priapismo. A literatura disponível se concentra principalmente na Disfuncão Erétil DE, e a American Urological Association considera a Li-ESWT como uma terapia investigacional para DE.
Portanto, com base nas evidências atuais, a Li-ESWT não é reconhecida como um tratamento para priapismo. É importante que qualquer consideração sobre o uso de Li-ESWT para condições além da DE seja feita com cautela e dentro de um contexto de pesquisa clínica rigorosa.
No entanto, a LISWT tem sido investigada como uma possível terapia de reabilitação para pacientes que sofreram priapismo e posteriormente desenvolveram disfunção erétil devido ao dano tecidual. O princípio dessa abordagem está relacionado ao potencial das ondas de choque em:
- Estimular a neovascularização (formação de novos vasos sanguíneos)
- Promover a regeneração de tecidos danificados
- Melhorar o fluxo sanguíneo nos corpos cavernosos do pênis
A eficácia específica deste tratamento para recuperação pós-priapismo ainda não está completamente estabelecida na literatura médica, e seu uso neste contexto deve ser considerado como complementar a outros tratamentos.
É fundamental que qualquer tratamento seja supervisionado por um urologista especializado que possa avaliar o caso específico do paciente, considerando fatores como o tipo de priapismo ocorrido, o tempo de duração do episódio, os tratamentos já realizados e as sequelas existentes.
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